quinta-feira, 26 de julho de 2007

Santos Dumont ficou devendo, faltou desinventar o Brasil

Ninho de passaralhos

Um ditado que me intriga desde criança é aquele que diz que "mais vale um pássaro na mão do que dois voando". A sentença, longe de razões ecológicas, sempre me sugeriu o contrário por inútil e desconfortável. Me encucava também se nesse caso um pardal valeria menos que um pelicano ou se o risco de ter os dedos bicados por um papagaio daria mais crédito que ficar com as mãos sujas por bosta de pombo. Tente impressionar uma garota segurando uma cotovia ao invés das chaves do carro ou troque seu mastercard por um bem-te-vi e verá que certos constrangimentos não têm preço. Dispenso a ajuda dos universitários que por acaso queiram explicar que "pássaros" neste contexto seria uma metáfora para, digamos, "oportunidade". Com certeza não faltam exemplos de notáveis oportunistas de mãos cagadas dispostos a sacralizar o penoso adágio como verdade incontestável. Imagino que a bíblia da picaretagem deveria ser uma antologia de frases feitas, lugares-comuns e máximas populares, taí uma dica de best-seller garantido. Vai que é má-vontade, cisma ou burrice minha mas volta e meia empaco no entendimento de frases ou expressões corriqueiras.

Cuma?

Semana passada, depois da tragédia, o presidente de uma empresa aérea (mais vale um grande pássaro no chão do que quantos voando?) declarou que "as investigações estão sendo conduzidas pelas autoridades competentes", saída tão batida quanto contraditória. A essa altura evocar "autoridades competentes" é...é... inexplicável. A menos que busquemos resposta nas sagradas escrituras dos provérbios de ocasião para concluir que estamos entregues a um Deus que dá asas a cobras, ratos, sanguessugas e similares, amém.

Elogios de gaveta

A rapinagem corre solta por céu, terra e mar mas não é de hoje o papo de que "os corruptos são minoria", "é preciso separar o joio do trigo", "não tirar conclusões precipitadas" e "preservar as instituições" pautam os discursos de nossas autoridades(risos) competentes(mais risos). Quando morre um desses o festival de baba-chavão chega a ser hilário, pegue o recém passado ACM, o que disseram da "grande perda para a política nacional, etc." e compare com as declarações sobre a ocasião do defunto Ulysses Guimarães, serão as mesmas palavras que dedicarão ao Sarney, Maluf e eventuais nobres cadáveres. Justiça seja feita, a celebração do próprio funeral é a melhor obra que a maioria deles deixa pra história.

Paixão nacional

Enquanto isso leio na imprensa sobre dois golpes bem populares, ambos com antecedentes oficiais, que apesar do amadorismo são indício que a ralé sem futuro sabe que o importante é competir. Atingindo alguns correntistas incautos o conhecido como "saidinha de banco" ainda não é páreo para a recordista absoluta e detentora de 100% das vítimas, a oficializada e insuperável "entradinha de banco". O golpe da extorsão telefônica quando aplicado por presidiários ou desconhecidos com histórias mirabolantes é ocasional e de fácil defesa, já o praticado mensalmente via conta telefônica não tem escapatória. A massa pode ser ignara mas aprende, nobres senhores, depois ainda podem alegar que não foram eles que começaram.

Puta mãe gentil

É por essas e outras que a impressão que eu tenho quando alguém vem com aquela cantilena de "sou brasilêêêro, com muitorguuulho, com muitamôôô..." é porque deve tá levando algum por fora.

sábado, 7 de julho de 2007

Agindo como nunca, matando como sempre

Hoje...
De repente a política de segurança do governo do rio vem sendo elogiada como uma das maravilhas do mundo. Tem aplauso pro secretário de segurança e 1ª página pro soldado-exemplo cujo sonho é matar iraquianos. Tem um governador onisciente que já elucidou aos desinformados que todos aqueles 19 passados no Alemão eram bandidos. Sérgio Cabral se elegeu com apoio dos Garotinhos ( alguém falou em pacto silencioso de não agressão?) cuspindo contra tudo isso que estava aí, bizarro se não fosse brasil, chegou a falar sobre liberação de maconha pra dizer depois que o Rio não pode brincar de Amsterdã. Já de Bagdá é à vera, nada mudou. Cabritinho berra a mesma cartilha de sempre, bandido bom é bandido morto a qualquer custo. Oficializou a guerra e revogou as balas perdidas, quem cair é marginal. É tão evidente a continuidade que o atual governante já faz por merecer a alcunha do antecessor, coronel bolinha, repara lá como o novo garoto tá gordo feito um major. Sei, políticos têm boca livre e mesa farta, como se não bastasse ele ainda pode alegar que parou de fumar, mas nisso nem a esposa dele acredita.